Ucrânia vai conceder liberdade condicional a detentos interessados em lutar na guerra
Iniciativa acontece em meio a avanço de forças russas e à escassez de efetivo e munição
Uma nova lei na Ucrânia permitirá que certos prisioneiros solicitem liberdade condicional antecipada para se juntarem ao exército, numa tentativa de reforçar as fileiras de Kiev na luta contra a invasão russa.
A legislação abrange detentos com menos de três anos de sentença remanescente, excluindo os condenados por crimes graves. O parlamento ucraniano aprovou a mudança do código penal para possibilitar a “libertação condicional antecipada” em troca da participação direta na defesa nacional, proteção da independência e integridade territorial.
A lei exclui indivíduos condenados por assassinato premeditado, estupro, pedofilia, corrupção, crimes contra a segurança nacional e ocupantes de cargos de grande responsabilidade, incluindo parlamentares e ministros. O partido no poder, “Servo do Povo”, liderado pelo presidente Volodymyr Zelensky, esclareceu essas condições.
A medida surge em resposta aos avanços das forças russas e à escassez de recursos humanos e munições na Ucrânia. A Rússia tem recrutado prisioneiros desde o início do conflito, colocando-os em batalhas intensas, resultando em acusações de que são tratados como “forragem de canhão”. O retorno desses prisioneiros à vida civil após o serviço militar gerou críticas, pois muitos reincidiram em crimes.
As autoridades ucranianas esperam que a lei ajude a equilibrar as forças contra um inimigo com uma reserva de mão de obra muito maior. Olena Shuliak, presidente do Comitê Verkhovna Rada sobre Organização do Poder do Estado, enfatizou a importância de consolidar todas as forças para resistir à guerra.
A nova lei foi aprovada com ampla maioria no parlamento. Requer que os condenados se juntem ao exército voluntariamente, com penalidades adicionais para desertores. Os prisioneiros liberados devem ter o status de “pessoal militar” e estarão sujeitos às regras militares.
Os candidatos passarão por exames médicos para determinar sua aptidão física e mental. O tribunal decidirá sobre a liberdade condicional, com possibilidade de rescisão em certas circunstâncias, como problemas de saúde ou reincidência criminal.